Estamos nos aproximando de mais uma linha de chegada. Junto com ela vem um universo de certezas e espaços vazios. Será que cumprimos tudo que prometemos? Será que tivemos muitos arrependimentos? Será que fizemos o que era para ser feito?
Neste punhado de “serás”, vem um conjunto de lembranças doces e amargas. Algo lá dentro se ajusta ao mesmo tempo em que certas coisas causam desconforto. Não, nós não fizemos tudo aquilo que queríamos. Mas será que um dia faremos? É importante ter sonhos, objetivos, metas a alcançar. E deve ser muito chato não ter mais o que querer conquistar. Não falo das conquistas materiais, mas daquelas de dentro. O que é de fora não importa tanto, por mais que a gente viva em um mundo onde as aparências se destacam.
Você quer saber mesmo o que interessa nesta vida? A paz. Inspirar e expirar sentindo prazer, alívio, gratidão, conforto. Paz ao levantar, paz ao dormir, paz ao agradecer, paz ao sorrir. Paz por perdoar, paz por aceitar que as coisas nem sempre podem ser modificadas, paz por entender que as pessoas são diferentes, paz por deixar de lado o que não acrescenta, paz por manter bons pensamentos, paz por sentir prazer em praticar o bem para conhecidos e desconhecidos. Paz por fazer a sua parte para deixar o mundo mais bonito. Paz por fazer as pazes com o passado.
Eu sei que você queria ter 10cm a mais, uma conta mais recheada no banco, aquele amor de tirar o fôlego, aplausos profissionais, aceitação em todos os lugares e um par de pernas de parar o trânsito. Sei que existem muitos motivos para insatisfação na sua vida. Também sei que você só queria que seu pai não estivesse doente ou que sua avó não sofresse tanto com aquela doença horrorosa. Sei que as doenças bagunçam nossas vidas e nos mostram o quanto somos frágeis. Mas quer saber? Nada, nada mesmo, é pesado demais para quem tem um coração. Dentro do nosso coração está tudo aquilo que somos. Você, que é cético, vai dizer que o coração é apenas um órgão vital. Só não esqueça que dentro dele está o melhor de nós. Nosso coração um dia para. Mas o que somos permanece gravado na nossa alma. E nos acompanha por toda a eternidade. Por isso, vamos deixar as bobagens pra lá. Por isso, vamos acreditar que tudo é feito para o melhor. Por isso, não vamos perder a fé. Por isso, vamos tentar entender que as tristezas, decepções e perdas fazem parte da vida e existem para nos mostrar o que realmente vale a pena. Por isso, não vamos esquecer que a morte não separa duas pessoas: ela apenas tira dos nossos olhos o ser amado, mas o que é de verdade permanece, ainda que invisível e intocável. Por isso, todos os dias vamos agradecer o que possuímos. E neste final de ano vamos fazer as pazes. Com os outros e com nós mesmos.
(( Clarissa Corrêa ))
Imagem e mensagem retirada do Google
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